A surpreendente Montevidéu: muito charme e história
Mesclando o antigo com o moderno e valorizando sua história, essa é a atual Montevidéu, uma cidade que surpreende. Você sabia que Montevidéu é considerada uma das melhores, senão a melhor, cidade de grande porte para se viver na América do Sul? Essa afirmativa é baseada em avaliações internacionais e índices de qualidade de vida.
Outra coisa que chama a atenção é o fato dos uruguaios terem percebido a importância econômica e cultural do turismo e a capital uruguaia estar se preparando, cada vez mais, para receber turistas. Portanto, não é à toa que Montevidéu recebeu no primeiro trimestre de 2018, aproximadamente, 250 mil turistas
Quando se compara Montevidéu com as grandes metrópoles brasileiras, mesmo as do sul do Brasil, se percebe claramente várias vantagens da capital do Uruguai: as ruas são mais limpas, as praças são mais bem cuidadas e mais frequentadas, além de haver bem maior segurança pública. Em suma, vale a pena conhecer Montevidéu, pois além do charme e riqueza histórica, a capital do Uruguai fica relativamente próxima e suas principais atrações cabem num final de semana prolongado. Esse é o primeiro post que estaremos publicando sobre Montevidéu e o Uruguai, com dicas, informações e um pouco de história. Iniciaremos pela Praça da Independência, a principal da cidade, que divide o centro e a Cidade Velha. Quatro das maiores atrações de Montevidéu estão na praça e seu entorno e podem ser visitadas numa tacada só. Confiram.
Artigas, um verdadeiro gaúcho. No centro da Praça da Independência está a estátua do General Artigas, o maior herói do Uruguai. Artigas representa um típico gaúcho ou gaucho, em castelhano. Para muitos foi Artigas que plantou a semente do Uruguai independente e liberal dos dias de hoje. Vindo de família rica, Artigas tinha forte identificação com as coisas e lidas campeiras dos pampas. Era um general que não usava uniforme e sim indumentárias gaúchas. Era carismático e muito respeitado pelos seus soldados. Enfim, um verdadeiro líder.
Inicialmente lutou contra o exército colonial da Espanha e após contra os exércitos português, brasileiro e argentino numa série de guerras e revoluções sem fim que duraram mais de dez anos. Nos intervalos entre batalhas, escreveu o esboço da constituição do estado que queria criar, baseado na liberdade religiosa e sem escravidão. Finalmente derrotado em 1821 por forças luso-brasileiras exilou-se no Paraguai. E aqui um mistério: jamais retornou ao Uruguai, mesmo depois da independência do país em 1825. Devido a sua história e conduta, além do seu carisma, o velho general gaúcho passou a ser reconhecido como o maior herói do Uruguai de todos os tempos. Em 1977 foi inaugurado o Mausoléu Artigas, na parte subterrânea da Praça Independência, onde fica a urna com os restos mortais do grande general gaúcho. O acesso ao Mausoléu é gratuito.
Teatro de Solis. Também no entorno da Praça da Independência está o Teatro Solis, um dos mais importantes teatros da América do Sul. O nome é homenageia Juan Díaz de Solís, comandante espanhol da primeira expedição europeia a navegar no Rio da Prata. A ideia de construir um teatro em Montevidéu ocorreu em 1840 por parte de um grupo de mais de 150 comerciantes. A construção do Teatro de Solis ilustra bem a história do Uruguai, forjada por guerras e revoluções. Aliás, a história de todo o cone sul da América do Sul, na qual também podemos incluir a Argentina e o Rio Grande do Sul.
A construção iniciou 1842, em plena guerra civil, a Guerra Grande, que durou 12 anos, até 1851, e arrasou a economia do país. Apesar disso, o Teatro de Solis foi inaugurado em agosto de 1856, 15 anos após o início da sua construção.
Em 1998 o teatro sofreu um grande incêndio e permaneceu fechado até 2004. Segundo os especialistas, as reformas realizadas melhoraram, não só a parte estrutural, mas também a acústica do teatro. O Teatro Solis oferece visitas guiadas. Para informações, acesse o site do Teatro de Solis.
Palácio Salvo. Inaugurado em 1928, foi o prédio mais alto da América do Sul até 1935. É um ícone de Montevidéu e também do país, pois traz lembranças da época de maior desenvolvimento do Uruguai, lá nas primeiras décadas do século XX. Atualmente está havendo um grande esforço para recuperar o esplendor desse edifício. O prédio acumula grandes dívidas, além de apresentar sérios problemas de manutenção e conservação. Para se ter uma ideia, a última restauração ocorreu na década de 1980. Para quem curte arquitetura e história e deseja ir mais a fundo, uma boa pedida são as visitas guiadas pelo interior do prédio. A propósito, acredite quem quiser ou puder, surgiu agora a presença de um fantasma que, segundo divulgam, aparece no sétimo andar do edifício. Realmente, os uruguaios estão aprendendo rápido a criar atrações turísticas. Na foto, ao fundo, o Palácio Salvo e a estátua de Artigas.
O Portão da Cidadela. Bem próximo da Praça da Independência está o Portão da Cidadela. Aliás, parte da atual praça ficava dentro das muralhas. A Cidadela era uma fortificação da então pequena Montevidéu que começou a ser construída em 1741 e só foi concluída em 1780. Os 40 anos de construção podem ser explicados pelas dimensões da obra, pois ocupava metade da atual Praça da Independência. As paredes eram de granito, com 6 metros de espessura e 10 m de altura e tinha quatro fortalezas, onde ficavam os canhões. Não esqueçam, nessa época era tudo no braço e na tração animal.
A cidadela foi demolida em 1877 e ainda restam alguns vestígios da fortificação em alguns locais de Montevidéu. Mas a parte principal, o portão, foi preservada. Em 1879 o portão foi removido, pedra por pedra, e transferido para a Escola de Artes. Em 1959 retornou ao seu local original e em 2005 começou a ser restaurado. Em 2009 a restauração do Portão da Cidadela foi concluída e, segundo especialistas, ficou com a cor e a textura original. Guardando as devidas proporções, será que essa restauração teve alguma inspiração no Portão de Branderburgo de Berlim? De qualquer forma, o Portão da Cidadela é atualmente um dos principais cartões postais de Montevidéu.