Torre Eiffel, de indesejável a símbolo de Paris e da França
Um pouco de história. Atualmente a grande maioria das pessoas considera a Torre Eiffel o símbolo inquestionável de Paris e da França, mesmo aquelas que não a conhecem pessoalmente. Mas isso nem sempre foi assim. Por muitos anos, antes e após sua inauguração, muitos parisienses e franceses torciam o nariz para a Torre Eiffel, pois a consideravam indesejável, uma estrutura gigantesca, sem graça e que destoava completamente da paisagem de Paris.
A história da Torre Eiffel começou a partir do centenário da Revolução Francesa. Para festejar essa data histórica, a França realizou a Exposição Universal de 1889 em Paris. Em 1884 foi lançado um concurso para selecionar um projeto arquitetônico de um monumento para a exposição. Mais de cem projetos participaram e o vencedor foi a torre idealizada pelo engenheiro Gustave Eiffel.
Exposição Universal. Aqui vale a pena abrir um parêntese. Quase todos os textos sobre a Torre Eiffel falam da Exposição Universal de 1889. No entanto, poucos deles apresentam a real dimensão desse evento, que foi muito maior do que se imagina. Para se ter uma ideia, a área da exposição tinha quase 70 hectares, aproximadamente 140 campos de futebol, e incluía a Praça e os Jardins do Trocadéro, apresentados na foto abaixo, além do Campo de Marte (Champ de Mars).
Além da Torre Eiffel, que era a entrada da exposição, havia muitas outras construções, como os Palácios das Indústrias, das Máquinas e Belas Arte. A exposição teve mais de 62 mil expositores e, aproximadamente, 28 milhões de pessoas visitaram a exposição. Alguns falam em até 33 milhões de pessoas. Sentiram a grandeza do evento?
Foram construídos 53 pavilhões, cada um deles destinado a um país. Não fique surpreso, mas o Brasil, ainda imperial, esteve presente. No pavilhão do Brasil foram expostas amostras de grãos de café, erva mate, além de muitos minerais. Havia também uma estufa com plantas tropicais e uma pequena galeria de Belas Artes.
Oposição e sobrevivência. A oposição à Torre Eiffel já começou no projeto e partiu, principalmente, de artistas e intelectuais, que achavam que a torre seria uma ameaça à beleza e à elegância de Paris. Apesar disso, o projeto teve continuidade e a Torre foi inaugurada em 31 de março de 1889. No entanto, deveria ser desmontada logo após o término da exposição.
A oposição à torre continuou e a ameaça de desmonte durou até o início do século XX. A Torre só não virou sucata pelo empenho de Gustave Eiffel que conseguiu provar que ela poderia ser usada como apoio à ciência e à comunicação. Em 1898 ocorreu a primeira transmissão de sinais de rádio da história, entre a Torre Eiffel e o Panteão (foto abaixo), localizado a 4 km de distância. Para quem não sabe, no Panteão de Paris estão sepultadas algumas das grandes personalidades da França, incluindo o escritor Victor Hugo.
No entanto, o que de fato salvou a torre de ser demolida foi o seu uso como antena de rádio, inicialmente usada em comunicações militares. Em 1906 uma estação de rádio permanente foi instalada na torre, garantindo assim sua sobrevivência. Vocês conseguem imaginar Paris sem a Torre Eiffel? Certamente seria uma grande perda. Na foto abaixo, em primeiro plano, o Obelisco de Luxor, no centro da Praça da Concórdia.
Subindo a Torre. A torre tem três andares e cada um com suas atrações. Vale a pena conhecer todos. O primeiro andar está a 57 metros, equivalente a um edifício de 16 andares. Nesse andar, além de um bar e o restaurante 58 Tour Eifffel, há o museu que celebra o 120º aniversário da torre e o cinEiffel, sala de projeções que relata a história da torre. Também há um pedaço da escada em espiral que ligava o segundo andar ao topo, desativada em 1983.
Em outubro de 2014 foi instalado um piso de vidro em parte do primeiro andar. O objetivo é aumentar o movimento desse primeiro andar, o menos visitado pelos turistas. Preste atenção na foto abaixo e verifique que é possível ver pessoas na base da torre.
Fato interessante: muitas pessoas não caminham, nem param no piso de vidro. Simplesmente desviam. Provavelmente, não acreditam na resistência do material e por isso não se arriscam.
Vamos subindo. O segundo andar está a 115 m de altura, mais que o dobro do Arco do Triunfo, que tem 50 metros. Aqui há lojas de souvenir, cafetaria e o famoso restaurante Jules Verne. A vista nesse andar é fabulosa. Como Paris é plana, pode-se ver praticamente toda a cidade. Abaixo um trecho do rio Sena, com quatro das suas 37 pontes e passarelas.
Aqui mais um parêntese. Como estamos acostumados com os imensos rios do Brasil, tendemos a considerar os da Europa, como o rio Sena, pequenos. Mas esquecemos que os rios europeus são bem menos poluídos, além de serem muito melhor aproveitados, principalmente com turismo e transporte de cargas. Um dos muitos exemplos do pouco aproveitamento do potencial dos nossos rios é o Guaíba da minha Porto Alegre.
Na foto abaixo a Tour Montparnasse. Esse arranha céu de 210 metros de altura, tem 59 andares, 53 deles ocupados por escritórios, onde trabalham, aproximadamente, 5.000 pessoas, o que é muito positivo. No entanto, muitos consideram esse edifício como uma das maiores agressões à paisagem de Paris. Há até uma piada de que a melhor vista de Paris é do alto do arranha céu, pois de lá não é possível enxergá-lo. Na verdade, essa piada surgiu muito antes e era usada para criticar a Torre Eiffel. Mas a opinião dos parisienses e franceses sobre a Torre Eiffel mudou completamente. Será que essa mudança radical de opinião também ocorrerá com a Tour Montparnasse? Penso que será muito difícil.
Se os primeiros andares já eram bons, imagine o terceiro. Agora estamos no topo a 276 metros de altura, equivalente a um edifício de 80 andares. A torre tem 324 metros, devido a uma antena posteriormente instalada. No último andar há o Champgne Bar e um modelo do topo da torre em 1889.
A vista daqui é totalmente panorâmica. Apesar da beleza, é preciso um pouco mais de atenção para identificar a paisagem, devido à altura. Por exemplo, na foto abaixo podemos ver, em primeiro plano, o Campo de Marte. Na esquerda, com sua cúpula dourada, o Palácio Invalides, local onde estão os restos mortais de Napoleão Bonaparte. No fundo, como não poderia deixar de ser, a polemica Tour Montparnasse.
No terceiro e último andar da torre, Gustave Eiffel construiu um pequeno apartamento. Somente Eiffel e seus convidados tinham acesso ao apartamento. Atualmente esse apartamento está exposto aos visitantes e pode ser visto através de uma proteção de vidro. Bonecos de cera retratam a visita histórica de Thomas Edison, norte-americano, responsável pelo desenvolvimento da lâmpada elétrica, a Gustave Eiffel. Essa visita ocorreu em 10 de setembro de 1889, aproximadamente, seis meses após a inauguração da torre. Nesse dia a inteligência foi às alturas em Paris. Literalmente.
As luzes da Torre. Da mesma forma como ocorre com muitas mulheres, a Dama de Ferro, como é carinhosamente conhecida a Torre Eiffel, ficou mais bonita na sua maturidade. O primeiro motivo foi a mudança da cor da pintura. Na inauguração a torre tinha um tom avermelhado. Antes de chegar na cor bronze, que lhe dá esse charme especial, a torre foi amarela e castanha. Além disso, houve grande evolução nas técnicas de iluminação ao longo desses quase 130 anos. A iluminação atual da torre, com aproximadamente 20 mil lâmpadas, é considerada uma obra de arte.
Aliás, o acender da iluminação da Torre Eiffel é um espetáculo à parte. Diariamente, principalmente nas épocas de clima mais ameno, centenas de pessoas acompanham esse espetáculo. Nas fotos abaixo o acender da iluminação da torre visto da Praça Trocadéro.
Para maiores informações, como horário de funcionamento e preço de ingressos, consulte o site da Torre Eiffel.